Réquiem é uma prece para os mortos. É também uma composição musical que convida ao luto. Em latim, significa descanso. Esta instalação utiliza suportes e mecanismos industriais para promover uma experiência que remete aos espaços e templos religiosos. A visão e a audição são sentidos acionados pelo dispositivo, que convoca a um tempo de silêncio e atenção em meio à crise sanitária, política e social. No jardim da Casa do Barão de Camocim, transforma-se também num rito de passagem para a exposição.
Réquiem é uma prece para os mortos. É também uma composição musical que convida ao luto. Em latim, significa descanso. Esta instalação utiliza suportes e mecanismos industriais para promover uma experiência que remete aos espaços e templos religiosos. A visão e a audição são sentidos acionados pelo dispositivo, que convoca a um tempo de silêncio e atenção em meio à crise sanitária, política e social. No jardim da Casa do Barão de Camocim, transforma-se também num rito de passagem para a exposição.
Réquiem é uma prece para os mortos. É também uma composição musical que convida ao luto. Em latim, significa descanso. Esta instalação utiliza suportes e mecanismos industriais para promover uma experiência que remete aos espaços e templos religiosos. A visão e a audição são sentidos acionados pelo dispositivo, que convoca a um tempo de silêncio e atenção em meio à crise sanitária, política e social. No jardim da Casa do Barão de Camocim, transforma-se também num rito de passagem para a exposição.
Por meio de uma diversidade de meios técnicos (imagem, som, gravuras em vidro e água), a instalação, descrita como um tríptico, constrói um convite de retorno ao útero sob a presença de corpos já for de memória. Apresenta, sob uma visualidade sombria quebrada pela luz, o novo e velho, o início e o fim, a vida e a morte e outras dicotomias sendo utilizadas em uma narrativa ficcional e fragmentada sobre os corpos na contemporaneidade.
O pensamento e as filosofias do chamado mundo ocidental, eurocolonial, partem de uma premissa que estabelece uma ruptura entre planos de existência (físico/metafísico, mundano/espiritual, cognoscível/incognoscível) que serviram como justificativa para dominação e exploração de sociedades não-europeias e, mais tarde, periféricas no bojo do sistema mundo. Esta instalação nos faz relembrar matrizes africanas, indígenas e afro-diaspóricas, ao propor um trânsito entre diferentes planos de existência. Aqui, os planos físicos e digitais se encontram numa encruzilhada espiralar, provocando outras percepções de tempo, escuta e consciência. Para isso, utiliza-se de elementos ligados às tradições ancestrais não-brancas em diálogo com dispositivos que permitem o acesso ao universo virtual. A dimensão interativa da instalação remete ao papel modelador da memória para a vida de sujeitos e comunidades.
A instalação traz o sonho como ponto de partida entre o mundo concreto e o onírico. Das possibilidades de se reconstituir entre as faltas providas por um processo de inúmeras violências marcadas pela colonização. A artista cria uma composição instalativa por meio de imagens feitas no território africano contemporâneo e de elementos utilizados em religiões de matriz africana, a fim de construir uma narrativa alternativa por meio dos sonhos, dos fragmentos e faltas de um processo de expropriação de sua memória no território brasileiro. O sonho aqui assume um papel fundamental na construção da narrativa, sendo ele responsável pelas possibilidades de se reconstruir diante os escombros causados pela colonização das subjetividades no mundo.
A linguagem do vídeo construída com o olhar de um pintor. Texturas, cores, falhas, acasos em uma reconstrução contínua da imagem de um pião girando. A imagem do objeto simples, que remonta a memória da infância num tempo de referencial analógico, é apresentada em modo digital. A escolha do celular como suporte para a imagem, traz um dado do cotidiano e agrega ao contexto da exposição um contraponto em relação as outras formas de ocupar o espaço.
Planta e objeto se fundem em uma conexão poética que nos traz as simbologias de ambos em um instrumento híbrido. Do facão, suas funcionalidades, possibilidades de defesa e ataque. Da planta, a mística ideia de proteção que popularmente essa planta, assemelhada a uma espada, traz junto as questões de crença da população brasileira. A resultante é um instrumento mágico. Etéreo. Exatamente como sugere a foto que traz na penumbra esse objeto-entidade durante um momento em que está sendo usado.
O corpo, a casa e a paisagem são apresentados como índices das possíveis leituras sobre o trabalho, que de alguma maneira brinca com a ideia de ficção e de reconstrução de novas narrativas, tal qual as corporeidades trans, que se remontam dos escombros e reconstituem novos sentidos para “realidades” irreais. Afinal, o que não é ficção? Além de rememorar imagens vivenciadas e transmutar a temporalidade linear, o trabalho recria memórias afetivas do lugar\território, da infância e das relações culturais estabelecidas pelo artista cearense.
Estas duas telas apresentam fragmentos de cenas urbanas, em que a cidade e seus habitantes assumem uma posição de destaque e simbiose, construindo a composição. Em uma das telas, vemos duas figuras humanas, artistas de rua, malabaristas, em pleno movimento. Na outra, um cruzamento entre ruas, que expande as noções de perspectiva e profundidade. Em ambas, o padrão da faixa de pedestre e da roupa do malabarista cria uma mesma presença, confundindo sujeitos e espaços, criando continuidades entre eles. Como outras obras da exposição, esta nos convoca a repensar a relação humana com os espaços, sobretudo urbanos, e repõe a pergunta:do que é feita uma cidade?
“Escuta sensível das plantas” nos faz olhar para o que sempre esteve em nossa volta, mas é posto em insignificância dentro da narrativa do progresso e do desenvolvimento, apresentando uma relação que se estabelece a partir de um corpo trans diante a cidade, construindo uma narrativa que por vezes separam o campo real das demandas do cotidiano urbano, nos convocando a repensar a dimensão do tempo. As imagens criadas pela artista trazem indagações importantes de como precisamos ouvir a natureza que se faz presente a milhares de anos antes da humanidade. Quais segredos esse reino guarda? ao mesmo tempo em que reforça a pergunta: Qual dinâmica de escuta é possível? Quais os códigos? Como decifrá-los? Temos uma sensibilidade capaz de ouvi-las? Ailton Krenak e outros líderes indígenas nos dão pistas para possíveis alternativas ao questionar em que momento nos separamos da natureza. Que corpo é esse e como se move na cidade?
Uma performance que intervém no espaço urbano. Convida à observação e reflexão sobre o entorno, ampliando a própria noção de espaço expositivo. Propõe a demarcação de “área de proteção ambiental” aos espaços com presença de plantas ruderais, conhecidas como “ervas daninhas”, plantas que nascem em meio às rachaduras do chão cimentado. São, por isso, existências inesperadas e, no mais das vezes, indesejadas. Aqui, se tornam também indiciárias da relação humana com o mundo natural; das políticas destrutivas de ocupação do espaço urbano; e, de forma poética, daquilo que resiste e nasce da fissura, a rosa do povo, a flor de Drummond que “furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.
“Escuta sensível das plantas” nos faz olhar para o que sempre esteve em nossa volta, mas é posto em insignificância dentro da narrativa do progresso e do desenvolvimento, apresentando uma relação que se estabelece a partir de um corpo trans diante a cidade, construindo uma narrativa que por vezes separam o campo real das demandas do cotidiano urbano, nos convocando a repensar a dimensão do tempo. As imagens criadas pela artista trazem indagações importantes de como precisamos ouvir a natureza que se faz presente a milhares de anos antes da humanidade. Quais segredos esse reino guarda? ao mesmo tempo em que reforça a pergunta: Qual dinâmica de escuta é possível? Quais os códigos? Como decifrá-los? Temos uma sensibilidade capaz de ouvi-las? Ailton Krenak e outros líderes indígenas nos dão pistas para possíveis alternativas ao questionar em que momento nos separamos da natureza. Que corpo é esse e como se move na cidade?
Uma performance que intervém no espaço urbano. Convida à observação e reflexão sobre o entorno, ampliando a própria noção de espaço expositivo. Propõe a demarcação de “área de proteção ambiental” aos espaços com presença de plantas ruderais, conhecidas como “ervas daninhas”, plantas que nascem em meio às rachaduras do chão cimentado. São, por isso, existências inesperadas e, no mais das vezes, indesejadas. Aqui, se tornam também indiciárias da relação humana com o mundo natural; das políticas destrutivas de ocupação do espaço urbano; e, de forma poética, daquilo que resiste e nasce da fissura, a rosa do povo, a flor de Drummond que “furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.
A instalação propõe o diálogo entre desenhos que registram o corpo do artista em 5 momentos diferentes do ato de respirar e a animação em vídeo, que evidencia o movimento. O ato, registrado em frames nos desenhos, ganha vida no vídeo animado. O trabalho percorre, em minúcia, um ato compreendido socialmente como banal, mas que passa a ter relevância pelo enfoque dado, apontando para a vitalidade tanto da linguagem quanto do próprio ato retratado.
A instalação propõe o diálogo entre desenhos que registram o corpo do artista em 5 momentos diferentes do ato de respirar e a animação em vídeo, que evidencia o movimento. O ato, registrado em frames nos desenhos, ganha vida no vídeo animado. O trabalho percorre, em minúcia, um ato compreendido socialmente como banal, mas que passa a ter relevância pelo enfoque dado, apontando para a vitalidade tanto da linguagem quanto do próprio ato retratado.
O verbo “tricotar” é usado para designar uma conversa solta, fluida. Nas conversas tramadas aqui propostas as duas performers desenvolveram uma obra em crochê enquanto dialogam e evocam o trabalho das artesãs e de um campo de informação usualmente ignorado, que é constituído dessas conversas cotidianas e usualmente femininas, que trazem como resultado um trabalho que tanto enreda histórias quanto fios.
O trabalho apresenta duas realidades contrapostas, uma com indicadores de uma modernidade baseada nas tecnologias de construção civil atuais, enquanto a outra apresenta a formulação de uma tecnologia ancestral de construção. A videoarte se apropria de imagens jornalísticas que evidenciam a relação com cidade e com o urbano, da demolição de um prédio que em teoria abrigaria inúmeras pessoas no mesmo lugar, à junção de um áudio que narra a construção de uma casa, de um lugar seguro por meio de uma tecnologia considerada ultrapassada. Enquanto uma põe em jogo a relação e a manipulação do homem sobre a natureza e a cidade, a outra utiliza-se da natureza e de mínimas intervenções sobre a mesma, duas realidades sociais em um curto espaço de tempo que demonstram diferentes modos de viver em um mesmo território..
O verbo “tricotar” é usado para designar uma conversa solta, fluida. Nas conversas tramadas aqui propostas as duas performers desenvolveram uma obra em crochê enquanto dialogam e evocam o trabalho das artesãs e de um campo de informação usualmente ignorado, que é constituído dessas conversas cotidianas e usualmente femininas, que trazem como resultado um trabalho que tanto enreda histórias quanto fios.
O trabalho apresenta duas realidades contrapostas, uma com indicadores de uma modernidade baseada nas tecnologias de construção civil atuais, enquanto a outra apresenta a formulação de uma tecnologia ancestral de construção. A videoarte se apropria de imagens jornalísticas que evidenciam a relação com cidade e com o urbano, da demolição de um prédio que em teoria abrigaria inúmeras pessoas no mesmo lugar, à junção de um áudio que narra a construção de uma casa, de um lugar seguro por meio de uma tecnologia considerada ultrapassada. Enquanto uma põe em jogo a relação e a manipulação do homem sobre a natureza e a cidade, a outra utiliza-se da natureza e de mínimas intervenções sobre a mesma, duas realidades sociais em um curto espaço de tempo que demonstram diferentes modos de viver em um mesmo território..
O trabalho apresenta duas realidades contrapostas, uma com indicadores de uma modernidade baseada nas tecnologias de construção civil atuais, enquanto a outra apresenta a formulação de uma tecnologia ancestral de construção. A videoarte se apropria de imagens jornalísticas que evidenciam a relação com cidade e com o urbano, da demolição de um prédio que em teoria abrigaria inúmeras pessoas no mesmo lugar, à junção de um áudio que narra a construção de uma casa, de um lugar seguro por meio de uma tecnologia considerada ultrapassada. Enquanto uma põe em jogo a relação e a manipulação do homem sobre a natureza e a cidade, a outra utiliza-se da natureza e de mínimas intervenções sobre a mesma, duas realidades sociais em um curto espaço de tempo que demonstram diferentes modos de viver em um mesmo território..
O trabalho por meio da fotoperformance evoca um lugar mítico e ritualístico, dos elementos que compõem a cena, ao próprio corpo que dá vida a uma dança. Embora as imagens sejam estáticas, há um movimento coreografado presente em toda a série que nos aproxima de rituais esotéricos, no intuito de alcançar uma força invisível que aproxima as coexistências. O corpo enquanto ponto central das imagens propõe uma espécie de assentamento, um lugar, um via de tecnologia ancestral a partir dos gestos e simbolismos presentes nas epistemologias africanas e originárias.
O trabalho por meio da fotoperformance evoca um lugar mítico e ritualístico, dos elementos que compõem a cena, ao próprio corpo que dá vida a uma dança. Embora as imagens sejam estáticas, há um movimento coreografado presente em toda a série que nos aproxima de rituais esotéricos, no intuito de alcançar uma força invisível que aproxima as coexistências. O corpo enquanto ponto central das imagens propõe uma espécie de assentamento, um lugar, um via de tecnologia ancestral a partir dos gestos e simbolismos presentes nas epistemologias africanas e originárias.
Tomando como referência a exposição “New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape”, (EUA,1975), que buscava o registro das paisagens alteradas pelo ser humano nos Estados Unidos e Europa. O artista transpõe esse olhar para o contexto brasileiro numa busca por um registro dessas mesmas alterações no contexto tropical. Trazendo também uma analogia com a atitude que é atribuída à semana de arte Moderna de 1922. Com um recorte autoral, a proposta nos traz um registro sobre nossa relação com a paisagem.
Registros fotográficos de paisagens do sertão, desérticas e com moradias abandonadas, e do cotidiano da favela, são entrelaçados por meio de sobreposições digitais, criando uma nova atmosfera que aproxima e afasta duas espacialidades. O trabalho propõe uma espécie de ficcionalização documental, evocando uma composição indiciária, que remete a um universo compartilhado de tensões e encontros, acentuado pelos focos de luz vermelha, recriando um ambiente de aridez.
Registros fotográficos de paisagens do sertão, desérticas e com moradias abandonadas, e do cotidiano da favela, são entrelaçados por meio de sobreposições digitais, criando uma nova atmosfera que aproxima e afasta duas espacialidades. O trabalho propõe uma espécie de ficcionalização documental, evocando uma composição indiciária, que remete a um universo compartilhado de tensões e encontros, acentuado pelos focos de luz vermelha, recriando um ambiente de aridez.
A partir de uma leitura simbólica do seu próprio corpo, o artista elabora o que chama de um “Avatar de vidro”. No contexto digital, o termo “avatar” denota aspectos relativos à maneira como alguém deseja ser visto no campo virtual. O artista se apropria desse recurso para compor poeticamente uma imagem que atravessa os aspectos óbvios da visualidade e põe em questão o lugar do ser anônimo do meio social e virtual. Um corpo negro em movimento coreografado, que se sobrepõe em camadas que mostram e escondem sutilezas e sugestiona os diferentes aspectos de uma identidade nunca revelada por completo.
O título do trabalho faz referência à obra do pintor René Magritte: “c’est ne pas une pipe” (isto não é um cachimbo). A frase, colocada abaixo da imagem de um cachimbo, coloca em questão o que há de real no contexto da imagem. No episódio que deu origem ao trabalho, o artista foi posto a ser avaliado por meio exibição digital em uma banca de heteroidentificação. Resultado: o artista, que é negro, não passou na avaliação. A visualidade construída para o trabalho por meio de cartazes e véus deixa transparecer os questionamentos do artista sobre essa conduta de identificação e sobre como a imagem do negro é construída na sociedade./span>
O registro apresenta um olhar que traz as cores realçadas de uma forma generosa que quase anula qualquer aspecto sombrio que poderia haver em algum ponto da imagem, que em um primeiro momento a quem está habituado ao modo de vida no Ceará, facilmente reconhece na pintura um recorte do cotidiano na cidade, uma cena comum se estabelece numa barraquinha de bairro. Pintura essa que foi criada a partir de uma fotografia da década de 1990 na cidade do Crato, evidenciando nuances das relações sociais do cotidiano comum. O registro dessa cena de certo conta muito de um lugar, de um território concebido com formas simples e coloridas, e sobretudo sinalizando comportamentos e maneiras de estar no mundo.
O Krump, de origem estadunidense, é um estilo de dança e movimento cultural afrodiaspórico que nasceu nas ruas, em fins dos anos 1990. Geralmente ocorre por meio de batalhas entre dançarinas e dançarinos, com movimentos rápidos e expressivos. Estes movimentos remetem a intensas emoções e sentimentos humanos, como frustração, raiva e autodefesa, o que no contexto de marginalização e desigualdade social passa a ter forte cariz de resistência cultural. Neste registro, é possível conhecer os principais movimentos de base do Krump, seu ambiente de vivência, e os jovens que integram o coletivo Krump Movimento Fortal, que desde 2015 realiza laboratórios, encontros e batalhas envolvendo outros movimentos de cultura periférica na cidade de Fortaleza..
A performance consiste na ação de embalar todo e qualquer objeto por meio da tecnologia de selagem a vácuo. Os objetos são então empilhados, formando um grande volume de produtos que remete à circulação e acúmulo de mercadorias no capitalismo tardio. Por outro lado, a ação repetitiva remete ao universo do trabalho precarizado no mundo contemporâneo. Ainda em outra camada, a performance nos provoca a pensar o que é o vácuo, essa espécie de não-lugar onde habitam corpos dissidentes – como de trans e travestis – que, no entanto, são vivenciados como coisas, produtos à disposição do consumo, da violência e da necropolítica.
O corpo de uma travesti, mostrado em partes sob a premissa de que é preciso fragmentar para existir, ainda que aos pedaços. O termo vaticínio, que podemos compreender como “profecia”, nos leva a pensar no trabalho como uma espécie de previsão, onde quem produz a imagem se torna profeta e propõe acesso a uma imagem-oráculo. Um corpo tarot, que funciona como índice de outros corpos e nos conta sobre os acontecimentos do nosso tempo.
O trabalho de Aires estabelece uma poética evidente e objetiva ao propor, enquanto questões, os processos de sua infância e as relações violentas que as constituiu durante um importante período de formação de subjetividade, que é o momento da infância. A sutileza com a qual a artista apresenta o trabalho por meio de uma costura poética, traz a memória ao passo em que apresenta uma ferida não cicatrizada e estabelece a sutura sobreposta às imagens como uma alternativa conceitual e como uma nova possibilidade de olhar para as memórias traumáticas vivenciadas e também partilhadas dentro de uma coletividade social brasileira.vvv
Performance, instalação e intervenção no espaço urbano se unem numa teia de referências que remetem ao universo de perseguição e extermínio de corpos travestis, ao mesmo tempo que revela a capacidade de transformação e resistência desses mesmos corpos. A obra relembra a Operação Tarântula, ocorrida em 1987, que consistiu numa violenta ação arquitetada pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, que tinha como objetivo a prisão de travestis. Ao longo de duas semanas, mais de 300 travestis foram violentadas e detidas. Mais do que um evento isolado, a operação evidencia o papel do Estado como perpetrador da sistêmica violência a corpos trans, além da permanência dessa violência física e simbólica no período de redemocratização. As intervenções com grafite – “viver e morrer travesti no Brasil de 2022/1987/2016” – destacam a continuidade dessa violência ao cruzar diferentes temporalidades em torno de um mesmo processo. Ao elaborar um discurso imagético em torno da figura da tarântula, o trabalho também nos provoca a refletir sobre processos de desumanização, pautados na necropolítica, que atingem as populações trans e travestis. Mas também visibiliza as formas de resistência a esse estado de coisas por parte dessa mesma população, ao se reinventar e construir outras e novas formas de existência.
O trabalho parte da ideia de exclusão social ao propor um telhado desfuncional, que por suas condições fundamentais, não abriga ou protege. Deixando à margem qualquer um que tenta buscar ali a mínima possibilidade de abrigo. Tal atitude traz analogias com o meio urbano e suas formas de se estruturar tanto fisicamente quanto na base de suas relações. Propriedade privada, direito de posse, abrigo e acolhimento são aspectos tratados por meio de uma situação lúdica. Um teto surreal, inviável e absurdo.
O trabalho se faz por meio de elementos, materiais distintos e não nobres numa nova reconfiguração compositiva, brincando com as textura, cores e formas, nos direcionando as formulações Dadá e também as assemblages. A artista numa relação conceitual questiona o estatuto da arte bem como as próprias categorias e linguagens, o que faz um objeto ser arte ou não? Quais os princípios dessa afirmação? É então por meio da apropriação de materiais desprovidos de sentidos originários e de funções antes estabelecidas no tempo da própria materialidade, que Atlas 1 ganha potência ao propor ainda que, sem função, novos destinos e contraformas ao rearranjar novas possibilidades físicas e discursivas para o que antes seriam descartados, lhes dando uma nova narrativa e sentido dentro de um determinado conjunto.
O trabalho se faz por meio de elementos, materiais distintos e não nobres numa nova reconfiguração compositiva, brincando com as textura, cores e formas, nos direcionando as formulações Dadá e também as assemblages. A artista numa relação conceitual questiona o estatuto da arte bem como as próprias categorias e linguagens, o que faz um objeto ser arte ou não? Quais os princípios dessa afirmação? É então por meio da apropriação de materiais desprovidos de sentidos originários e de funções antes estabelecidas no tempo da própria materialidade, que Atlas 1 ganha potência ao propor ainda que, sem função, novos destinos e contraformas ao rearranjar novas possibilidades físicas e discursivas para o que antes seriam descartados, lhes dando uma nova narrativa e sentido dentro de um determinado conjunto.
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Em diálogo com o universo da ourivesaria e do design de joias, o trabalho apresenta pequenas esculturas que remetem a colares, brincos, anéis e outros ornamentos. A artista utiliza restos de construções demolidas pelo avanço do mar. Diferente de outros trabalhos da exposição, que chamam atenção para o impacto destrutivo da ação humana na natureza, estas peças indiciam a ação da natureza produzindo ruínas, lapidando – com a força da água, do tempo, da corrosão – os fragmentos que são, agora, apresentados em outras e novas estruturas. Os objetos, assim, são também testemunhos dos nossos limites perante a grandiosidade do mundo natural, ao mesmo tempo que revelam a resiliência humana ao transformar escombros em objetos de beleza
O trabalho apresenta fotografias tomadas como quem olha para o mundo a partir do desenho, impressa em cianotipia (que depende da exposição à luz para ser realizada). O trabalho evoca a paisagem de Maracanaú, município próximo a Fortaleza, que tem um forte envolvimento com o universo industrial. Para os moradores da região, essas torres e fios de energia são emblemas do lugar que habitam. São passagens da energia oferecida a quem tem meios de pagar por ela. Um conjunto monumental grotesco com o qual os habitantes daquela região convivem dia após dia. A passagem de uma técnica a outra gerando a fusão dos resultados acentua o tema evocado.
Tomando como referência a exposição “New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape”, (EUA,1975), que buscava o registro das paisagens alteradas pelo ser humano nos Estados Unidos e Europa. O artista transpõe esse olhar para o contexto brasileiro numa busca por um registro dessas mesmas alterações no contexto tropical. Trazendo também uma analogia com a atitude que é atribuída à semana de arte Moderna de 1922. Com um recorte autoral, a proposta nos traz um registro sobre nossa relação com a paisagem.
O trabalho apresenta fotografias tomadas como quem olha para o mundo a partir do desenho, impressa em cianotipia (que depende da exposição à luz para ser realizada). O trabalho evoca a paisagem de Maracanaú, município próximo a Fortaleza, que tem um forte envolvimento com o universo industrial. Para os moradores da região, essas torres e fios de energia são emblemas do lugar que habitam. São passagens da energia oferecida a quem tem meios de pagar por ela. Um conjunto monumental grotesco com o qual os habitantes daquela região convivem dia após dia. A passagem de uma técnica a outra gerando a fusão dos resultados acentua o tema evocado.
Tomando como referência a exposição “New Topographics: Photographs of a Man-Altered Landscape”, (EUA,1975), que buscava o registro das paisagens alteradas pelo ser humano nos Estados Unidos e Europa. O artista transpõe esse olhar para o contexto brasileiro numa busca por um registro dessas mesmas alterações no contexto tropical. Trazendo também uma analogia com a atitude que é atribuída à semana de arte Moderna de 1922. Com um recorte autoral, a proposta nos traz um registro sobre nossa relação com a paisagem.
A paisagem mostra a duna da Sabiaguaba, local alvo de muitos embates. A duna constantemente invade a rodovia que primeiramente lhe invadiu. Um conflito simbólico que espelha muitos outros conflitos reais pela preservação da duna. A vassoura, tomada como marco do impossível trabalho de se varrer uma duna, surge como ato crítico, simples e carregado de ironia, que traz a tona a luta pela permanência do ecossistema característico do litoral cearense.
“Apontamentos de Cura” cria uma ambientação instalativa que se aproxima de um herbário, onde são dispostas plantas e ervas tradicionalmente utilizadas nos processos de cura dentro de uma prática medicinal popular. O simbolismo presente no trabalho contrapõe a ideia de cura em um ambiente estéril e controlado, provendo reflexão acerca da memória e dos conceitos de natural e artificial como dispositivo da relação dúbia existente na ideia de cura.
“Apontamentos de Cura” cria uma ambientação instalativa que se aproxima de um herbário, onde são dispostas plantas e ervas tradicionalmente utilizadas nos processos de cura dentro de uma prática medicinal popular. O simbolismo presente no trabalho contrapõe a ideia de cura em um ambiente estéril e controlado, provendo reflexão acerca da memória e dos conceitos de natural e artificial como dispositivo da relação dúbia existente na ideia de cura.
Um processo que é literalmente construído em momentos que trazem uma narrativa intercalada entre atos de uma construção e movimentos que oscilam entre poéticos e normativos. Uma interligação entre o real e imaginário que agrega ao vídeo um tom instigante, delicado e com boas doses de ironia. É visível o apuro técnico na realização das ações e no seu registro, bem como o envolvimento dos participantes na sua construção, onde mesmo os corpos parecem construir e serem construídos ao mesmo tempo.
Um campo ampliado entre objetos e imagens composto por projeções que atuam como extensões dos livros fixados na parede. As imagens são apresentadas em repetição, como os “gifs” usualmente encontrados nas redes sociais. O efeito oferece ao trabalho uma pulsação incômoda e ao mesmo tempo atrativa. Esse conjunto de informações aparentemente confuso, tem o desenho como fio condutor, que oferece unidade ao trabalho e nos oferece o acesso a esse conhecimento que está para além dos livros.
Um campo ampliado entre objetos e imagens composto por projeções que atuam como extensões dos livros fixados na parede. As imagens são apresentadas em repetição, como os “gifs” usualmente encontrados nas redes sociais. O efeito oferece ao trabalho uma pulsação incômoda e ao mesmo tempo atrativa. Esse conjunto de informações aparentemente confuso, tem o desenho como fio condutor, que oferece unidade ao trabalho e nos oferece o acesso a esse conhecimento que está para além dos livros.
Um processo que é literalmente construído em momentos que trazem uma narrativa intercalada entre atos de uma construção e movimentos que oscilam entre poéticos e normativos. Uma interligação entre o real e imaginário que agrega ao vídeo um tom instigante, delicado e com boas doses de ironia. É visível o apuro técnico na realização das ações e no seu registro, bem como o envolvimento dos participantes na sua construção, onde mesmo os corpos parecem construir e serem construídos ao mesmo tempo.
Um processo que é literalmente construído em momentos que trazem uma narrativa intercalada entre atos de uma construção e movimentos que oscilam entre poéticos e normativos. Uma interligação entre o real e imaginário que agrega ao vídeo um tom instigante, delicado e com boas doses de ironia. É visível o apuro técnico na realização das ações e no seu registro, bem como o envolvimento dos participantes na sua construção, onde mesmo os corpos parecem construir e serem construídos ao mesmo tempo.