Igba + ki assentamento + anunciação Assentar a anunciação. Igbakis são esculturas-ferramentas, resultantes de um processo que propõe refletir sobre a transposição do gesto-oriki. Oriki, ori – cabeça + ki – anunciação. Anunciação da cabeça. Oralitura do desejo. No assentamento da anunciação e seus métodos de tecnologia de fuga e criação de novos
Uma denúncia e uma cura! Um dia te mato dentro de mim é uma frase-oração utilizada pelo autor para desfazer o quebrante que lhe foi aplicado ao ser assediado sexualmente na adolescência, em um estabelecimento comercial. A luz do LED encadeia, atrai e mata os sentimentos desprazerosos e ao romper com o silêncio, se rompe com a culpa.
Obra performativo visual de distribuição de cinco mil santinhos avisando da Inauguração do Museu do Amor Sapatão na praça da Bandeira. Os santinhos serão distribuídos na praça da Bandeira no dia da abertura da exposição coletiva e serão também deixados no espaço expositivo para que o público os retire, sendo repostos semanalmente até acabarem.
Um barbeiro negro corta o cabelo de uma pessoa negra, realizando um freestyle (estilo livre) de corte e desenhos com navalha trazendo referências imagéticas ancestrais. A performance busca discutir a espiritualidade, a ancestralidade, a autoestima e a afetividade pretas. A ação será realizada na entrada principal da casa do barão.
A Macumba é uma tecnologia ancestral usada há milhares de anos. Na Macumba realizamos trabalhos, ebós, amarrações, feitiços e todo tipo de cura para livrar-nos do mal. Macumba é a força do pensamento. Na arte e na magia, a Macumba derruba o fascismo. A imagem-sentença, rasga – na eficácia simbólica, e tem poder. Laroyê!
Breakfast Dream é literalmente um sonho pop de café da manhã simbolizado em pintura. Narra sobre o desejo de constituir família, utilizando a publicidade e imagens do catolicismo popular como estratégia de recriar a família comercial de margarina brasileira.
“Ouroboros Esperança” é uma serpente e colar-amuleto de proteção feita entre agosto e setembro de 2021, durante o confinamento da pandemia. Carrega a frase “O Poder Tirado Do Povo Retornará Ao Povo”. Uma estrela-guia coroa a sua cabeça, símbolo de esperança e luz em meio à escuridão. Na parte interna guarda papéis com mensagens de proteção e força.
“Voltando para casa” é sobre o cotidiano de trabalhadores de rua, suas formas de produzir vida, sustento, não só pelo trabalho, mas também a partir do cultivo dos afetos, das disputas, da fé, do cuidado consigo e com os seus, da sobrevivência, das pequenas alegrias. É ter motivo pra levantar da cama e ir pra luta e motivo para voltar para casa.
Não possui uma fronteira entre arte e ritual. são a captura do da colheita, confecção e uso de uma vassoura orgânica que foi lhe ensinada pela sua mãe, Maria Neusa, que lhe repassou o ritual de fazer vassouras. Um acontecimento ainda presente cultura de vida nas regiões rurais nordestinas, fazendo parte de uma memória coletiva.
A obra ”Prêmio ou Castigo” propõe causar incômodo no sistema colonial e excludente do formato curatorial dos espaços expositivos de arte. Quem são as pessoas que ocupam salões, galerias e museus? Quais métodos decoloniais as instituições responsáveis pelo fomento artístico adotam para que corpos dissidentes ocupem de forma legitima esses espaços?
“Bruma marinha à costa de mil salinas” é um estudo documental nas linguagens da videoarte e do ensaio literário. Em sua forma fílmica, costuro arquivos de registros captados em loufai via ismartefone, ao longo de cinco anos (2018/2022). Em sua forma escrita, intuo sobre os deslocamentos em Fortaleza, natividade de mangue e delírios a mais.
“Bruma marinha à costa de mil salinas” é um estudo documental nas linguagens da videoarte e do ensaio literário. Em sua forma fílmica, costuro arquivos de registros captados em loufai via ismartefone, ao longo de cinco anos (2018/2022). Em sua forma escrita, intuo sobre os deslocamentos em Fortaleza, natividade de mangue e delírios a mais.
Depois de tantas idas à ponte para ver os meninos saltadores, resolvi transformar as expressões de liberdade em arte.
“Inventário” é uma série de fotografias em preto e branco que documenta estruturas cotidianas encontradas na paisagem do litoral cearense, apresentando-as como esculturas espontâneas. Na obra, a fotografia é utilizada para revelar a dimensão estética dessas construções práticas, destacando, assim, as idiossincrasias da cultura popular local.
O tríptico lança um olhar para a tradição gráfica popular da cidade de Fortaleza e seu entorno. As telas surgem através de uma pesquisa juntamente com pintores letreiros da região e são pinturas construídas através de sucessivas camadas de cor, assim como as paredes desgastadas pelo tempo expressivas na paisagem cotidiana.
Materializa-se enquanto performance ritual, enquanto declaração e declamação performáticas expostas ao testemunho do tempo (colonial?), tais quais os corpos e experiências travestis estão expostas ao testemunho do tempo (colonial?). Pesquisa em: https://drive.google.com/file/d/12DrDKMb4fKbCUfW1sQhZdx-jSdRd5jAf/view?usp=sharing .
A videoarte por meio da arte generativa cria uma sensação de um olhar que se movimentando num mundo labiríntico e caleidoscópico relacionando as epistemologias da natureza com o conceito de ancestralidade interespecifica. Assim a obra busca também seguir pelas rotas de fuga anticolonial sendo narrado em gualín e em português.
Este trabalho forja-se a partir dos meus movimentos de idas e vindas no município de Maracanaú-CE. Apresenta o momento exato em que minha corpa começa a ser utilizada enquanto instrumento de comunicação entre as ancestralidades indígenas e afrikanas. Ou seja, o instante em que me transmuto em ave. Quando manifestada, a marakanã tem algo a dizer.
O que rege a humanidade – seres vivos que habitam/circundam este plano– é a metamorfose. A paradoxal permanência do estar-em-movimento, estar-em-transformação. Na constituição marinha que nos embalou a vida primeva, esta; na constituição larvar que nos enovela antes dos vôos e suas subsequentes quedas; na efeméride gigantesca de tantas culturas.
A obra partilha um lugar imersivo de travessias visuais e sonoras que corporificam as memórias e as paisagens da terra em fuga da expropriação ambiental que sustentou uma linha férrea construída sobre as serras ao sul do Ceará, antiga Estrada de Ferro de Baturité, marcada pela linearidade moderna, colonial e racista para acumulação capitalista.
Procura pelo afeto inexistente fala sobre a dor de perceber o não-amor por si, a mão estendida em busca de um amparo que nunca veio. No verso, há textos rasgados/borrados que enfatizam o peso desse auto-abandono; mas, entre eles, há dois que que falam sobre perceber beleza nas particularidades no que nos compõe e que formam o outro ao seu lado.
Da identificação dada pelo Estado até a minha residência temporária em Cuba: Meu nome, meu rosto e minha raça, dentro do que pode ser reconhecido. Como parte do Projeto mbar, a vídeo-instalação “Quem te deu nome” traz à tona, através de dois vídeos, o questionamento sobre o que faz a identidade indígena de alguém e o que se pensa sobre ela.
Uma fissura no peito, uma costura suturada enquanto lágrimas escorrem sobre os escombros do corpo que restou. A calcificação das tristezas é a forma que o corpo encontra para expelir caroços e palavras não-ditas durante os encontros. Quero voltar ao lugar de onde vim.
Procura pelo afeto inexistente fala sobre a dor de perceber o não-amor por si, a mão estendida em busca de um amparo que nunca veio. No verso, há textos rasgados/borrados que enfatizam o peso desse auto-abandono; mas, entre eles, há dois que que falam sobre perceber beleza nas particularidades no que nos compõe e que formam o outro ao seu lado.
A pintura “Mulher fazendo alfenim” celebra a influência moura na cultura local do Ceará através do doce conhecido como alfenim, trazido pela imigração árabe. obra faz referência à influência moura na cultura local através do doce trazido pelo povo árabe. A partir de uma cena supostamente banal do labor feminino e solitário, o brilho nacarado do açúcar, a luz de uma tarde de sol sob a sombra de um alpendre criam uma situação onde o simples ato de preparar uma refeição ganha uma dimensão mágica.
Em 1986, Julita e Dulce Tomé (minha avó e minha mãe) trabalharam juntas na elaboração desta rede de dormir para meu enxoval de bebê. Os fios do mamucabo foram trançados manualmente por elas. Em 2021, peço permissão para essas duas mulheres e dou continuidade a peça, bordando um desenho de uma serpente, animal que simboliza a morte e a vida.
Se reinventar é primeiramente um retorno. Do rasgo a semente respira. Brecha para o novo, entender que a dor do corte da casca também faz parte do processo bonito da germinação. Esse foi um processo que atravessou momentos durante a pandemia de se fechar para se proteger do desconhecido, aquilo que nos circundava e não sabíamos nomear.
Caminhando pelas estradas de Morada Nova, viajo no tempo imaginando a perseguição que meus ancestrais Paiacus sofreram. Hoje, as mesmas forças tentam impedir de legitimar minha identidade sob este território. Entre o conflito de pertencer e fugir, crio narrativas de contra-golpe, retornando aos algozes de todos os tempos, visagens de seus assombros
A obra provoca o poder narrativo implícito em uma trama, tensionando o universo do fazer manual, o trabalho doméstico e as artes visuais. O texto, sobre uma colcha de cama, reúne alguns trechos mais mencionados em cartas escritas no século passado, relacionando texto com o textil e palavra com fios. O trabalho fala de solidão, desejo e intimidade.
Crônicas do Fim explora a perspectiva ambígua do fim de uma relação, pelo prisma de um corpo também ambíguo, multiracial, cinza. A obra mostra um muro psíquico,sentimento de angústica, dependência emocional.Um sol maior ilumina um caminho florido, atrás do muro existe um sol menor que confunde, que gera segurança ou aprisionamento.
Depois de ecoar cartas do agora, a Voz reconta a diáspora, o holocausto negro do esquecimento e a cura por mãos escuras-avermelhadas que moldam a armadura de retomada.
A obra trata de descrever uma linha do tempo metálica para Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez. No livro, reluzem joias e metais que dão à história de Macondo, cidade inventada, corpo e textura. Partindo da experiência como ourives, Bruna Bortolotti narra o livro através de fragmentos de metais e resíduos da sua oficina de ourivesaria.
CAPIVARAS & DRAGÕES é um jogo de imaginação que remonta, através de cartas mágicas em movimento (GIFs), a história real entre escravizados que fugiam pelo Rio Capibaribe até a província já liberta do Ceará. O trabalho é uma narrativa que convida a recontar esses eventos através do mágico, do encanto e da estratégia presente em jogos de RPG.
Os bordados anti-coloniais jogam com a soma de palavras e com imagens religiosas e coloniais, simbolizam os períodos que formaram a base da nação brasileira, construídas no imaginário social, e na memória histórica, fazendo alusão tanto a violência dos colonizadores como também a resistência dos colonizados. Torna possíveis imagens pouco usuais.
A série fotográfica “Substrato”, extraída da pesquisa homônima, propõe uma reflexão sobre apagamento histórico, operando na encruzilhada entre memória e esquecimento, entre aquilo que se foi e o que restou. Propõe analogias e metáforas sobre efemeridade, numa perspectiva contemporânea que dialoga com cinema, performance e pintura.
Obi quer dizer verde e azul, uma mesma palavra para falar da cor do mar, do céu e das folhas. Obi tem sido a cor dos meus sonhos. A instalação é composta por duas fotografias produzidas a partir de uma manipulação manual do filme fotográfico e um vídeo produzido a partir de uma exercício de criação de portais e viagem no tempo.
Em um ditado popular que diz: “A curiosidade matou o gato”, trago como título de minha obra a forma que a população negra ainda é submetida a marginalização e ao não acesso à informação. E mesmo sem os conhecimento vindo de grandes universidades, as vivências me tornaram a artista que sou. Curiosidade ela não mata o gato, ela faz o sujeito.
Uma criatura multiforme sai de seu esconderijo e emite vozes polissônicas. Instalação sonora que busca tratar a monstruosidade como caminho de poder para corpos transmasculinos. Nossa desordem revela na verdade a ordem estabelecida.